terça-feira, 21 de julho de 2009

Super Bock Super Rock ( Notícia)

Um festival sem festa
20.07.2009 - João Bonifácio


Nem Duffy serviu para enlouquecer as gentes e os Killers foram os únicos a entusiasmar o povo, num festival que se esqueceu da festa

Toda a gente que segue futebol com um mínimo de regularidade conhece a constante nudez quinzenal do Estádio do Restelo. O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego. Portanto a ideia de fazer um festival de música popular naquele mesmo estádio quase parece uma acção de beneficência.

Mas ainda não foi o Super Bock Super Rock de anteontem a conseguir transformar aquele rectângulo num local de alegria descontrolada. Porque, apesar de ser um festival, de música e ainda por cima popular, o Super Bock Super Rock teve pouca festa, música que ai Jesus e o povo esteve manso.

Considere-se o cenário que aguardava os óptimos The Walkmen lá pelas seis e meia da tarde. Tocam essencialmente canções de You and Me, o disco mais recente, que soa a Dylan em 1969, se o bardo tivesse passado uma temporada na fronteira com o México a brincar com castanholas, marimbas e maracas.

Estavam entre mil a duas mil pessoas a vê-los, que gritavam quando as guitarras se levantavam.
(...) Gritavam quando as guitarras explodiam porque foi isso que a música dos The Killers lhes ensinou: quando o volume explode, há que berrar.

Brandi Carlile devia ter mais um ou dois pares de milhares de almas a assistir. (...)
Fez uma data de versões, todas elas óbvias: dos Radiohead foi buscar Creep; de Cash Folsom prison blues; e de Cohen Hallelujah. Carlile não gosta de música, gosta da hora de ponta da rádio FM.

Mais uns milhares de almas depois, os Mando Diao subiram ao palco com guitarras barulhentas, um percussionista que também tocava trompete e duas coristas. Ganham pontos extra por tentarem fazer barulho, por terem um trompete e por terem coristas. Perdem esses pontos por não terem canções.

(...)


Por muito que não gostemos dos Killers (e não gostamos nem um pouco), ao menos têm um espectáculo tão bem ensaiado que, por um instante, quase acreditamos que estamos num festival de Verão, em que a juventude se entrega ao hedonismo e ao exagero próprios da saúde que tem. (Apesar de isso não ter acontecido.)

Todas as canções têm riffs óbvios que desaguam em refrões invariavelmente em crescendo, a base rítmica é sempre funk-deslavado ou disco-sound reciclado, todo o motivo melódico tem de ter um carácter épico e há sempre um sintetizador piroso para convencer os nostálgicos dos anos 80.

A meio de All this things that I've done (toalhas de órgãos berrantes, canto épico), ocorre-nos que eles estão a meio caminho entre os Def Leppard e o pior de Bruce Springsteen e quase ficamos à espera do momento em que vamos ouvir cantar uma versão fatela de Born in the USA sob um fundo disco-sound enquanto a câmara foca um baterista com um só braço.
Mas não. Foi a festa possível e foi escassa como os fins de tarde futebolísticos no Restelo costumam ser.

Fonte: Publico

Genial, pena o
belenenses não ter achado muita piada, ver aqui.

O João Bonifácio pode ter ido contrariado ao concerto, pode não gostar daquilo, pode ser a pessoa tão certa para fazer a critica desde concerto como o João Pinto a critica de uma peça de teatro. Ou pode não ser nada disto e aquilo ter sido mesmo uma porcaria.
Mas nada disso interessa, o texto ficou brilhante.

2 comentários:

  1. Brilhante? Há claramente aqui uma noção distorcida sobre o conceito de brilhante...

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  2. Só há dois tipos de pessoas que não gostam do texto, adeptos do Belenenses e Jornalistas, de qual grupo és?

    É brilhante porque tem piada, e sem ser o texto mais imparcial do mundo(coisa que uma critica a um concerto nunca o será), não anda longe da verdade, escrito num tom muito descontraído e fluido de fazer inveja a muito jornalista que por aí anda.

    cumpts desde jovem distorcido,
    Bruno

    P.S. Devias te deitar mais cedo! Dormir pouco faz-nos andar mal humorados.

    ResponderEliminar

A pedido de várias famílias que se dizem censuradas:

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